terça-feira, 5 de agosto de 2014

Meu coração bate feliz quando te vê


"Meu coração
Não sei por que
Bate feliz
Quando te vê"

Os versos iniciais de Carinhoso, clássico composto por Pixinguinha em 1917, servem para, quase 100 anos depois, ilustrar o argumento em moda no meio futebolístico de 2014: o carinho.

"Eu também preciso de abraço, de carinho"
Felipão, sobre os motivos de sua volta ao Grêmio


Jogadores e treinadores se apoiam cada vez mais nos sentimentos como uma muleta para decidir seus destinos (positiva ou negativamente), evidenciando assim a fragilidade emocional que o Brasil enfrenta no esporte do qual é símbolo mítico.


"Robinho é um grande campeão. Tudo o que ele precisa é de amor e confiança"
Dunga, sobre o futuro do outrora Rei das Pedaladas

Na Copa de 1958 - primeiro título mundial verde e amarelo -, o Brasil ainda não era uma potência reconhecida. E muito desse descrédito era atribuído a uma suposta falta de firmeza em momentos adversos, essencial tanto no esporte quanto em qualquer atividade profissional que procure o alto rendimento. 

Pois bem. Na final, contra a equipe da anfitriã Suécia, a Seleção saiu atrás no placar. Quando os suecos fizeram 1x0, Didi chamou atenção ao caminhar com a calma e confiança de um mestre até o gol, colocar a bola debaixo do braço direito e voltar ao meio do campo para dar reinício à partida. Resultado final: Suécia 2 x 5 Brasil, e a eternização do primeiro grande momento de uma equipe que simboliza não só a excelência em um esporte, mas a vitória da perseverança.

"A torcida do Fluminense me deu muito carinho e, agora, tudo o que eu quero é continuar trabalhando muito e ajudar meus companheiros a conquistar vitórias"
Fred, sobre a volta ao Fluminense após a péssima participação na Copa do Mundo

Ao basear suas escolhas em um carinho imaginário por parte de quem paga seus vencimentos, estes esportistas estão, na realidade, procurando se esconder das críticas sob o guarda-chuva daqueles que têm uma maior paciência com erros que eles ainda nem sequer cometeram. 

A predisposição ao fracasso apresentada por três ícones do futebol brasileiro, mais do que qualquer desorganização das entidades gestoras (que existe e é incontestável), é sintomática em um momento no qual, assim como em 1958, precisamos reverter um jogo difícil e que estamos perdendo. Enfim, precisamos de mais Didis, com sua audácia, e menos Freds e Robinhos, com suas carências mal resolvidas.

Pixinguinha - Carinhoso

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